quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O telefonema...

Tenho essa lembrança de quando era moleque... Minha avó, sempre que podia, ligava para meu primo, para saber dele, como ele estava, ou em alguma ocasião especial como por exemplo aniversario, ligava para dar os parabens. Devido a profissão dele, que estava sempre viajando, e quando não estava viajando pelo trabalho, viajava para Ponte do Itabapoana para estar com sua mãe em sua terra natal, então falar com ele pelo telefone realmente era a melhor forma de estar em contato.

E sempre que minha avó ligava para ele, eu, na época garoto, queria sempre estar perto, para falar, ou até mesmo apenas ouvir a conversa. Ficava ouvindo atento, e torcendo para que minha avó me chamasse pra falar no telefone com ele, e quando ela não chamava, eu ficava falando "Vó, deixa eu falar com ele". E mesmo quando não falava, ficava feliz da vida quando, simplesmente, minha avó falava ao telefone "o Felipe está te mandando um abraço". E ficava ainda mais orgulhoso e feliz quando falava ao telefone com ele. Me lembro claramente destes momentos. Chega a ser engraçado isto, eu o idolatrava como se não fosse meu primo, mas um famoso que eu nunca tivesse visto. Quando, na verdade, eu poderia simplesmente pegar o telefone e ligar a qualquer momento para falar com ele.

Esse primo se chama Ézio, ou como muitos o conhecem, "Super Ézio". Acho que já dá para vocês entenderem a minha agitação de quando era garoto. Eu não estava simplesmente falando no telefone com meu primo, mas eu estava falando com o ídolo tricolor da minha geração. Todas as vezes eu pensava "caraca, não acredito que eu falei com ele". E a partir de hoje, dia 09/11/2011, estes telefonemas só poderão acontecer novamente através da minha imaginação ao relembrar estes momentos, pois Ezinho veio a falecer, vencido por um câncer.

Fica aqui a minha homenagem a este primo, amigo e ídolo. Muito obrigado por me fazer gostar de futebol, por me fazer torcer para o Fluminense, e mais ainda, muito obrigado pelos telefonemas trocados com a minha avó, que me trazem lembranças que jamais esquecerei.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Pés descalços rumo ao título...

O dia era tenso... Dormir na noite anterior? Só se fosse acordando de meia em meia hora... Nervosismo à flor da pele... O dia só poderia acabar de duas formas: Para este dia só haviam duas possibilidades: Ou seria trágico ou seria mágico... E na cabeça dele tudo dependia de uma série de fatores... São as famosas superstições que jamais falham para o torcedor...  E ele não era diferente de todos os outros... Tem suas supertições e não abre mão delas... Precisa de todas, pois, com elas, o título tricolor estaria encaminhado... Camisa tricolor, bermuda, de chinelo, sem a munhequeira do Thiago Silva e sem a bandeira nova... Eram as superstições que precisavam lhe acompanhar naquele momento...

E assim foi...

A camisa? Só pode ser a tricolor... Nada de camisa branca ou camisa de goleiro, tem que usar a tradicional, a camisa clássica... A clássica... Camisa clássica porque logo é associada a craques do passado... Precisávamos da energia deles...

Calça? Nem pensar... Ele sempre esteve de bermuda quando o time foi campeão... Qual o sentido de mudar agora?

Munhequeira do Thiago Silva? Em circunstâncias normais ela estaria presente, afinal, ela está invicta. Viu várias vitórias e um empate... Opa!! Parou aí!!! Viu um empate? Então está barrada! Ao Flu apenas a vitória interessava, então ela foi barrada. E lá foi ele sem munhequeira...

E a bandeira? Ah, a bandeira recém-comprada tinha que ir... Opa, mas a bandeira é nova, não viu nenhum jogo ainda... Achou melhor colocá-la no banco de reservas, não era hora para lançar um novo talento, corria o risco da revelação sentir a pressão de uma final e decepcionar... Em time que está ganhando não se mexe, então não será desta vez que a bandeira fará sua estréia...

E lá foi ele... Sem conseguir ingresso, foi para um bar com a namorada, cunhado e amigos, tudo pronto para assistir o grande jogo e, graças a sua superstição (tão ou mais importante que o esforço dos jogadores), conquistar o terceiro título brasileiro, após 26 anos...

Após uma espera que foi uma das mais longas de sua vida, tamanha a ansiedade, começa o jogo... Time visivelmente nervoso... Errando passes bobos... Perdendo bolas bobas... Não conseguindo acompanhar a velocidade dos contra-ataques do adversário... Adversário este, que resolveu jogar o futebol que não jogou no campeonato todo...Algo estava errado... Não era o mesmo fluminense de todo o campeonato... Alguma coisa não fazia sentido nessa história... Alguma coisa não estava batendo...

Fim do primeiro tempo... Um 0x0 e seu time estava irreconhecível... Faltava algo que ele não sabia o que era... Eis que sua namorada olha para baixo e nota um detalhe em seus pés... TÊNIS!!! "Tirou o tênis?" - perguntou ela. Ele olha para baixo e percebe aquilo que faltava... Estava explicado o porquê de atuação tão pífia de seu time... Como ele pôde esquecer? Uma desatenção e poderia colocar tudo a perder. Ele não conseguiria viver com este peso na consciência de ter sido o responsável direto pela derrota do seu time de coração em um dos jogos mais importante de seu time nos últimos 26 anos... Tênis tirado na mesma hora, pois esteve de chinelo, com os pés livres, nas finais de 2002 e 2005 do carioca e na final da copa do Brasil de 2007, então não tinha o menor sentido estar de tênis... Esperança renovada... Agora sabia que não faltava mais nada... O nervosismo continuaria, pois era inevitável, mas sabia que agora estava fazendo sua parte...

Recomeça o segundo tempo... Time melhor organizado... Já dava para sentir que os pés descalços começavam a mudar a cara do time... A notícia do tênis tirado chegou nos vestiários... Isto encheu os jogadores de ânimo... Voltaram com outra postura... Foi então que, aos 16 minutos, Carlinhos se livrou da marcação e cruzou... O torcedor olhou para os pés... Washington escorou de cabeça para o meio da área... O torcedor olhou para a tv... Emerson se antecipou ao zagueiro e chutou... Os pés do torcedor tocaram o chão... A bola passou por entre as pernas do goleiro... É GOL!!! Os pés do torcedor saíram do chão... A profecia se concretizou... O nervosismo, por alguns instantes, deu lugar ao choro de alívio... Agora sim o torcedor estava fazendo sua parte... Estava contribuindo para o título... Foi um gol com pés descalços...

E até o fim do jogo, o sofrimento permaneceu... Cada chutão para longe da defesa tricolor era um chute com pés descalços... Ele sabia que bastava um dos pés tocar o tênis que seria fatal... Não poderia haver um só deslize... E, assim, teve toda cautela do mundo...

Simon apita fim de jogo... Nada mais podia tirar o título, ele já era tricolor!!! Era hora de comemorar!!! O torcedor chorava feito criança... E tinha motivos de sobra para comemorar, pois tinha em seu corpo os grandes responsáveis pelo título: Seus pés... Pés salvadores... Ficaram escondidos durante o primeiro tempo too, mas entraram no segundo tempo para dar  título ao Flu... Voltou para casa com a sensação de dever cumprido, após a longa caminhada que é o campeonato brasileiro... Caminhada esta que, para ser vitoriosa, precisou ser feita com os pés descalços...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O TORCEDOR MAIS IMPORTANTE...

Estou escrevendo porque estamos precisando de uma chacoalhada!!! Nós acreditamos em algo quase impossível ano passado e conseguimos. Vejam que incoerência: Ano passado, 99% de chance de ser rebaixado, torcida abraça o time e o fluminense permanece na Série A de forma heróica. Este ano, o time sofrendo com desfalques, mesmo assim permanece na liderança, e o torcedor o que fala? Que não seremos campeões... Alguns já tiraram o fluminense até da Libertadores... Sinceramente, não vejo o menor sentido... Que "fé invertida" é essa??



No belíssimo texto "Ser Fluminense", o último trecho diz "...e nunca perder a esperança até o minuto final..." - Essa é a essência de ser tricolor... Será que vcs já viram algum título fácil para o Fluminense??? Conosco tem que ser assim, sofrido, chorado, aos 49 do segundo tempo!! Até os jogos que,em circunstâncias normais, não seriam difíceis, viram batalhas épicas conosco, por exemplo, Fluminense x Figueirense, os dois jogos da final da Copa do Brasil.



E, hoje, mais o que antes, o Fluminense precisa de todos nós!!! Não digo apenas indo ao estádio não, porque sabemos que nem todos podem ir. O Fluminense precisa da fé e da esperança de cada torcedor!! O Fluminense precisa muito mais da nossa fé do que da nossa razão!!! Até porque como diria o poeta, o coração tem razões que própria razão desconhece. Pensamento positivo de todos, corrente pra frente, acreditar até o último minuto. Não me interessa quem é bom e quem é ruim, o time é este até o final e enquanto não acabar o campeonato, eles são os melhores jogadores de todos os tempos e os apoiarei em cada jogo.



Para cada torcedor, eu peço que coloquem uma frase na cabeça e repitam: O TORCEDOR MAIS IMPORTANTE DO FLUMINENSE SOU EU!!!



Cada um de vcs que acredita e que tem fé é o torcedor mais importante do Fluminense!!!



SAUDAÇÕES TRICOLORES!!!

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Meu Maracanã

Começaram as obras para a copa de 2014... Obras estas, que nunca contaram com meu apoio, desde a obra em que resolveram colocar cadeiras no estádio todo.
Ah, o meu Maracanã... O meu Maracanã é aquele que a galera se acomodava no "cimentão" nas arquibancadas, não haviam cadeiras ou subdivisões. Subdivisões estas, meramente capitalistas, para se cobrar a mais por um trecho da arquibancada, para se mostrar que fulano é melhor que ciclano por estar em um trecho mais caro. O primeiro símbolo que mostra o comércio que virou o futebol.
O meu Maracanã... Que saudade das mais de 100 mil pessoas que nós víamos em uma final de campeonato. Pensando no conforto dos torcedores, resolveram colocar as cadeiras. Conforto desnecessário... Não precisamos de conforto no Maracanã, conforto eu tenho em casa, vendo o jogo pela tv... No Maracanã, precisamos de calor humano, nos sentimos bem estando mal-acomodados
Saudade dos Geraldinos... A criatividade sem fim... Torcedores folclóricos, que, por um ingresso que custava menos que um refrigerante, esbanjavam toda sua criatividade, divertindo a todos com sua alegria.
Saudade da "ginástica do senta e levanta", levantando em cada lance de perigo do jogo. E quando um ficava em pé mais tempo, sempre surgiam os gritos de "Seeentaaa", "quer ver em pé, vai pra geral"...
Saudade do cachorro-quente sem marca vendido nas arquibancadas...
Saudade do suspense para saber um resultado de outro jogo, aguardando o locutor falar aos microfones "a Suderj informa"...
Saudade de uma época em que o Maracanã era o templo sagrado do futebol, e não o Paraíso Fiscal dos Cartolas...
Como diria o poeta, eu era feliz e não sabia...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Líder...

Com o campeonato caminhando para a sua metade, podemos ver o Fluminense mais líder do que nunca, com 4 pontos de vantagem para o segundo colocado. Curiosamente, é a torcida do Corinthians, segundo colocado, que tem o hábito de cantar "não pára, não pára, não pára"... Mas essa música se encaixa perfeitamente no atual momento tricolor... Que fase, que espetáculo... Estamos nos especializando em não parar nunca... Desde o dia que comecei a acompanhar futebol, em meados de 93, jamais vi um time tão guerreiro quanto este Fluminense. Lutando contra tudo e contra todos, vamos matando um leão por rodada, vencendo e convencendo a cada jogo que passa. Vibrando como garotos e jogando como homens. Unidos dentro e fora de campo. Todos focados e obcecados por um só objetivo: Vencer a guerra. E nada tira o foco destes guerreiros e de nosso treinador. Seleção Brasileira? Aqui é trabalho, meu filho! Nosso técnico, além de competente e vitorioso, também tem caráter e palavra. Atitude de homem. Atitude que sobraneste grupo. Grupo este, que se alimenta de gols e vitórias. Possuímos uma relação de predatismo com os adversários. Nossa fome se faz presente quando entramos em campo, e, a partir daí, somos leões perseguindo a zebra desesperadamente, e não paramos enquanto não nos alimentamos de mais uma vitória. Uma perseguição desenfreada, onde a presa corre com o máximo de velocidade que suas pernas lhe permitem utilizar... Mas o predador é mais rápido. Com passadas lrgas, raiva nos olhos e coração guerreiro, o predador se aproxima da presa e lhe crava os dentes no pescoço: é gol do Fluminense...

domingo, 20 de dezembro de 2009

Amor pelo Fluminense: Um amor ao estilo Camões

Meus caros amigos, saudações tricolores!!! Tenho algumas dúvidas que gostaria que vocês me respondessem... Algum de vocês se arrepende algo que tenha feito e vivido com o Fluminense??? Algum de vocês se arrepende de cada lágrima derramada entre os anos de 1996 e 1999??? Algum de vocês se arrepende de ter ido a São Januario em 2005 na final da Copa do brasil??? Algum de vocês se arrepende das lágrimas derramadas nas duas finais contra a LDU??? Permitam-me que eu mesmo responda por vocês: Não me arrependo de nada e faria tudo de novo, inclusive se já soubesse o que iria acontecer no final!!! Sabem por que vocês não se arrependem??? Porque senão vocês não seriam dignos das lágrimas contra São Paulo e Boca pela Libertadores... Porque não seriam dignos das lágrimas da Copa do Brasil 2007, do Brasileiro 1984, da arrancada 2009, do gol de barriga, enfim... Vocês nao teriam vencido primeiro para serem vitoriosos depois, como diria o texto "Ser Fluminense" de Artur da Távola...

Além disso, não estariam cumprindo o juramento deste casamento: Na alegria e na tristeza... E, meus caros, na alegria o amor grita, querendo ser o centro das atenções, mas na tristeza o amor aumenta!!! E este amor pelo Fluminense é um amor que Luis de Camões explica muito bem em seu poema:

Amor é fogo que arde sem se ver
é ferida que dói e não se sente
é um contentamento descontente
é dor que desatina sem doer

Pois é, meus amigos... o amor pelo Fluminense é uma dor que não dói, é uma dor que desejamos tê-la todo dia, pois ela não dói, é uma dor que, com o perdão do paradoxo, só nos faz feliz e nos torna mais fortes...

sábado, 19 de dezembro de 2009

Um sentimento verde, branco e grená...

Sou Fluminense ontem e amanhã!!! Fui Fluminense depois de amanhã!!! Serei Fluminense anteontem!!! Os tempos e as concordâncias verbais estão erradas??? Não estão não, caro leitor... É que este sentimento pelo Fluminense é tão grande que ele faz com que passe uma tsunami bem no meio dessas frases e de suas concordâncias, fazendo com que os verbos ganhem de presente, ao menos uma vez, a chance de poderem sair daquela mesmice das concordâncias e dos tempos verbais!!! Não existem erros no sentimento verde, branco e grená!!! Ou melhor, é possível que exista um erro sim: O verbo "ser" não ter como predicativo "Fluminense"... Isso, meus amigos, é erro gravíssimo na gramática futebolística...